segunda-feira

Novo site de vídeos é o "YouTube dos museus"

Para programas antigos de TV, existe o Hulu. Para aulas universitárias, o iTunes U. Agora, para vídeos sobre arte, existe o ArtBabble, site criado pelo Museu de Arte de Indianápolis que oferece vídeos de fontes como o Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA) e a série Art:21, da rede de TV pública PBS.

Nos últimos anos, enquanto os museus tentam tirar vantagem da internet a fim de se aproximar das audiências jovens, vêm produzindo número crescente de vídeos, de entrevistas com artistas a imagens de montagem de instalações e exposições, passando por perfis curtos dos curadores, especialistas e até mesmo guardas de museu. A maioria das instituições apresenta esses vídeos em seus sites e em sites como o YouTube ou blip.tv. Mas até agora não existia um serviço central dedicado a vídeos de arte na web.

O site artbabble.org, que começou a operar na última semana, quer mudar essa situação. O museu de Indianápolis convidou diversas instituições para o estágio inicial, entre as quais a Biblioteca Pública de Nova York, o Museu Smithsonian de Arte Americana, o Museu de Arte do Condado de Los Angeles e o Museu de Arte Moderna de San Francisco. Em longo prazo, a esperança do site é acrescentar mais instituições e se tornar "o destino básico para conteúdo de arte online", disse Daniel Incandela, diretor de novas mídias do museu de Indianápolis, em entrevista.

Em sites como o YouTube, uma entrevista de artista pode ser perder entre "os vídeos de música, os vídeos de humor e o conteúdo mais viral, mais imediato", acrescentou Incandela. Tampouco existe maneira fácil de navegar pelo conteúdo online de múltiplos museus, e até recentemente não havia vídeos de alta definição disponíveis.

A maioria dos vídeos do ArtBabble tem alta definição. O projeto do site é simples e o objetivo evidente é atrair os não-especialistas, com balões de fala que ostentam citações fortes e, quando clicados, conduzem a vídeos relacionados. (Um falso verbete de dicionário define "ArtBabble" como "um lugar no qual todo mundo está convidado a participar de uma discussão constante e aberta - diploma em arte não é necessário".)

A característica mais incomum do serviço são as "notas" que acompanham cada vídeo. Elas são mostradas em uma janela à direita da tela, e oferecem links para sites com material relacionado. Por exemplo, em entrevista com o artista Robert Irwin, quando o artista menciona os escultores Mark di Suvero e Richard Serra, as notas oferecem links aos verbetes da Wikipédia sobre os dois. Uma referência aos jardins que Irwin projetou para o Centro Getty em Los Angeles conduz ao site do centro e a um vídeo sobre os jardins no YouTube. Os representantes de diversas das instituições parceiras disseram estar entusiasmados quanto a esse recurso de notas e seu potencial.

"Podemos oferecer a um usuário online a oportunidade de escapar por inúmeras tangentes", disse Joshua Greenberg, diretor de estratégia digital da Biblioteca Pública de Nova York. "Isso se enquadra à premissa central da biblioteconomia: não basta colocar alguma coisa nas mãos de alguém; também é preciso contextualizar".

As despesas de hospedagem e outros custos do ArtBabble estão sendo cobertos pelo museu de Indianápolis, com a ajuda de uma doação de US$ 50 mil da Ball Brothers Foundation. (O uso do site é gratuito.) Caso o serviço ganhe popularidade, o museu procurará patrocínio empresarial, disse Maxwell Anderson, o diretor do museu. Anderson afirmou que o objetivo do projeto, e das produções de vídeo do museu, era permitir que os visitantes "experimentem a vida dos museus", quer por meio de perfis de funcionários, visitas a estúdios de artistas ou imagens de restauradores trabalhando em peças do acervo. A vantagem de criar um site colaborativo é óbvia, ele diz: "A força e a potência da idéia como site compartilhado é muito maior do que se trabalhássemos um museu por vez".

O museu de Indianápolis vem sendo pioneiro no uso da internet a fim de prover maior transparência quanto às operações da instituição. Uma seção de seu site (imamuseum.org), chamada Dashboard, oferece informações atualizadas sobre o valor do fundo que sustenta o museu, o número de visitantes e o consumo diário de energia.

Incandela reconhece que o sucesso do ArtBabble dependerá em última análise da capacidade do museu de Indianápolis para atrair a adesão de outras instituições.

Fora dos Estados Unidos, um grande museu que dedica recursos consideráveis à produção de vídeos é a Tate Gallery, no Reino Unido. Em colaboração com a British Telecom, a Tate oferece centenas de vídeos em seu site, que incluem visitas a estúdios de artistas como Jeff Koons e Gilbert & George a imagens de arquivo do pintor Francis Bacon. Em entrevista por telefone, Will Gompertz, diretor da Tate Media, a divisão do museu que supervisiona a produção de vídeos, diz que não conhecia o projeto ArtBabble, mas, com base na descrição que fiz, acha que a idéia é muito boa.

"A Tate ficaria deliciada" em veicular seus vídeos em um site como o ArtBabble, disse Gompertz, acrescentando que "neste novo mundo, nada pode ser realizado sem ajuda".

>Fonte: The New York Times

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