Um dos nomes mais aguardados para a Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP) deste ano, o jornalista e escritor norte-americano Gay Talese concedeu uma entrevista à revista Veja onde fala sobre suas impressões sobre a internet e sobre o papel dos jornalistas atualmente. Segundo Talese, a internet é o "fast-food da informação". " A internet é feita para quem quer atalho, poupar tempo, conclusões rápidas, prontas e empacotadas”, declarou.
Além disso, o escritor também criticou o surgimento dos blogs e a atuação dos blogueiros. “Para piorar, surgiram esses blogs com blogueiros desqualificados, que apenas divulgam fofoca. São como uma torcida num jogo de futebol que fica o tempo todo gritando para os jogadores, para o juiz. É gente que não apura nada, só faz barulho", disse Talese.
Conhecido também como um dos fundadores do New Journalism, Talese não poupou a falta de 'ceticismo' e a atual geração dos profissionais do jornalismo. "Os repórteres de hoje cobrem a guerra dentro dos tanques das tropas americanas. É ridículo. Um repórter deve prestar contas ao seu jornal, e não ao coronel que está protegendo a sua vida”, afirmou.
Futuro do jornalismo
Apesar das críticas aos profissionais, Talese afirmou que ainda acredita no futuro do jornalismo, mesmo depois da crise que abalou os periódicos americanos. “A crise dos jornais americanos não é uma crise do jornalismo americano. As pessoas esquecem que os jornais vão e vêm. O jornalismo, não. As pessoas vão sempre precisar de notícia e informação. Sem informação não se administra um negócio, não se vende ingresso para o teatro, não se divulga uma política externa. Todos os dias, nos jornais das cidades grandes ou pequenas, repórteres vão à rua para fazer o que não é feito por mais ninguém”, disse.
Talese ainda declarou que aos 77 anos ainda se encanta com a profissão e disse ter orgulho de ser jornalista. “De todas as profissões, se um jovem estiver interessado em honestidade e não estiver interessado em ganhar muito dinheiro, eu aconselharia o jornalismo, que lida com a verdade e tenta disseminar a verdade. Há mentirosos em todas as profissões, inclusive no jornalismo, mas nós não os protegemos. Os militares acobertam mentirosos. Os políticos, os partidos, o governo, todos fazem isso. O escândalo do Watergate é uma crônica de acobertamento. Os jornalistas não agem assim, não toleram o mentiroso entre eles. Acho uma profissão honrosa, honesta”, afirmou.
Redação Adnews
segunda-feira
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